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É dito que o homem do final do séc.XX perdeu sua identidade, antes fundamentada no indivíduo pleno (concepção iluminista) ou numa sociedade que conferia sólidas referências que valoravam a vida (concepção sociológica). A perda de identidade está ligada à concepção pós-moderna, que acredita que o sujeito contemporâneo teve sua identidade fragmentada em inúmeros focos de interesse: sexuais, étnicos, culturais, profissionais, políticos etc.
Um segundo aspecto da crise atual está ligado à desintegração da URSS em 1991, acabando com as perspectivas reais de suplantar o capitalismo e implantar um novo modelo com base humanista. Politicamente, não temos perspectiva. E mesmo no âmbito individual, o homem da Era da Crise está determinado a conseguir um emprego em uma multinacional e se satisfazer com o consumo permitido pelo seu salário. Sem perspectiva política e sem que o consumo satisfaça realmente todas as suas necessidades, o homem contemporâneo encontra-se, mais uma vez, desamparado.
Por fim, mas sem encerrar as possíveis origens da crise atual, a própria lógica do consumo e do prazer fácil se arraigou com tal profundidade nos indivíduos pós-modernos que superficializamos as relações interpessoais por buscarmos prazer absoluto nas amizades, namoros, ou na família. Como os outros indivíduos são incapazes de nos proporcionar estes prazeres plenos e contínuos, os descartamos como produtos e não permitimos que as relações se efetivem, de fato.
Com tantos fatores de crise, não resta muita dúvida para compreender a banalidade que se insere o homem contemporâneo, seu anseio pelas drogas ou pela pornografia. Pelo prazer fácil e pelos grupos políticos radicais sem grandes dimensões. Em suma, buscamos ensandecidamente fugir da crise.
Como sair da crise, portanto? Não sabemos! Mas o que é fato é que pequenos grupos auto-orientados, como o Clube do Tchu, são excelentes experiências despretensiosas e sem fins de qualquer espécie. Ou seja, sem esperar lucros, projeção nacional, ou qualquer coisa do tipo, promovem-se atividades culturais, festas e reuniões simplesmente pelo prazer de promovê-las. E o que isto tem a ver com a crise, deve se perguntar o leitor?! Na verdade, nada! É o contrário dela, pois não tem fins políticos, nem procura uma identidade, nem se relaciona com o consumo. É um grupo que simplesmente quer ser grupo.
Vários Josés reunidos pra fazer qualquer coisa... porque qualquer coisa pode ser José.
... mas um José não pode ser qualquer coisa.
ResponderExcluirUm josé pode ser o que quiser.
ResponderExcluirAchei o texto muito interessante e também acho queatravés da satisfação cultural e com o próximo, sem esperar por resultados e relatórios é a melhor maneira de preeencher o vazio ou a crise como foi chamada no texto acima.
Não obstante, creio que grupos como este motivam não apenas ao integrantes e sim aos de fora, que esperam pelas novidades das reuniões e esperam certas "direções" sobre o que ouvir, o que ler, o que valorizar. Tá bacanas Jão, tá bacana!
um José sozinho não faz verão. é isso ae mandou bem no texto.
ResponderExcluirgilles lipovetsky descreve nossa situação como a era do vazio, onde fomos transformados em produtos com a exclusão ideologica, criativa e das relações políticas e culturais entre pessoas..
ResponderExcluirao meu ver uma maneira de lidar com isso é a resistência, penso que os encontros (em casas ou praças) favorecem pois vão contrários a idéia de se encontrar em espaços de consumo (empresas, shoppings, baladas) onde não há convivência, mas relações entre falsos seres (máscaras) que se consomem e são consumidos (por eles mesmos e pelo mercado)
e precisamos cair na real que não estamos nos anos 60 e não há grandes revoluções.. a grande revolução foi a que nos fez consumistas e imbecis que hoje somos, o que tentamos (sozinhos ou em grupo) é resistir essa ideologia individualista e desumana.. que por vezes ainda estamos inseridos nela em alguns aspectos
independente do que fizermos (sozinhos ou em grupo), quem se interessar vai se aproximar e quem se desinteressar vai distanciar..
Rapeize, toda a discografia do Silvio rodriguez
ResponderExcluirhttp://muzikeria.blogspot.com/2008/05/silvio-rodriguez-discografia-completa.html
eu não sei se a gnt tá em busca de alguma compreensão.
ResponderExcluirnão sei aonde estamos indo.
sequer sei se vamos chegar.
mas a meu ver, o que realmente importa, é que estamos nos MOVIMENTANDO . . .
beijos