Texto do grande brother Velot Wamba a.k.a. Arthur Dantas. Grato pela força.
Amizades,
Amizades,
Tá aí o show do Eternals em Pouso Alegre e eu felizaço aqui na floresta de concreto e aço mandando good vibrations pra vocês. Infelizmente não estarei aí. Quando levei o Medications pra piei, tudo era mais difícil: primeiro que agora um monte de bom filho retornou a casa. Além do Pumu, tem ainda o Zé Rolê (que tava saindo das fraldas psicodélicas musicais em 2007) e o Davi com um discão na mão. Sem contar que deve ter mais coisa fuçando por aí que valha a pena. Ou seja, tá mais fortalecida a parada, uma galera alto astral (não deixem as zik-ziras chegarem nem meio perto: zé povinho é mato em toda parte), economicamente as coisas tào muito boas por aí... só não para de chutar pro gol!
Além do Eternals, tem o Objeto Amarelo (http://www.myspace.com/objetoamarelo) (OA), que quando ainda se apresentava como trio punk rocker (nos discos a parada sempre foi outra) tocou por aí e fez um showzaço histórico – histórico pela animação da banda e pela polícia que chegou na hora do Space Invaders empatando nossa foda. O Cacá (Carlos Issa), mentor do OA é artista plástico também, ligado às tradições gráficas vindas do dadaísmo e foi um dos mentores da Draga, uma série de exposições que aconteceram a partir de 1997 em um contexto punk rocker em São Paulo, que acabou mostrando pro mundo o trabalho do Carlos Dias, que hoje já expôs até no MASP, e do Rafael Lain, ganhador do prêmio Nam June Paik, no ano passado. Acabou que nos tornamos bons amigos e trabalhamos juntos na MTV – onde ele tá até agora e é uma das mentes por trás das vinhetas bacanudas da emissora.
Além do Eternals, tem o Objeto Amarelo (http://www.myspace.com/objetoamarelo) (OA), que quando ainda se apresentava como trio punk rocker (nos discos a parada sempre foi outra) tocou por aí e fez um showzaço histórico – histórico pela animação da banda e pela polícia que chegou na hora do Space Invaders empatando nossa foda. O Cacá (Carlos Issa), mentor do OA é artista plástico também, ligado às tradições gráficas vindas do dadaísmo e foi um dos mentores da Draga, uma série de exposições que aconteceram a partir de 1997 em um contexto punk rocker em São Paulo, que acabou mostrando pro mundo o trabalho do Carlos Dias, que hoje já expôs até no MASP, e do Rafael Lain, ganhador do prêmio Nam June Paik, no ano passado. Acabou que nos tornamos bons amigos e trabalhamos juntos na MTV – onde ele tá até agora e é uma das mentes por trás das vinhetas bacanudas da emissora.
Fiz duas entrevistas com ele recentemente: uma pra um perfil grande na revista +Soma, falando da carreira dele como um todo, e outra específica sobre essas exposições chamadas DRAGA, que foi um dos eixos expositivos numa mega exposição, Transfer (http://transfer.art.br/), que acontece no Pavilhão do Ibirapuera até o dia 17 de outubro, e se tornará texto para um catálogo a ser lançado em Novembro. Legal que ele, como já sabia, é um fãzoca de Pouso Alegre – acha que um dos shows mais legais do OA foi em Pouso Alegre e, em diversos momentos desses dois papos, invertia as posições. Ao invés de interrogá-lo sobre seu trabalho, ele me questionava sobre o ambiente que ambos desfrutamos etc.
Liberei abaixo um trechinho que ele me pergunta sobre minha opinião sobre a DRAGA e acabei falando um pouco de Pouso Alegre e desse lance de fazer as coisas e encontrar pouco diálogo, compreensão. O que eu quero é compartilhar esse esboço de reflexão e dizer: o pote de ouro tá aí ainda e vocês tão cuidando bem dele pra caralho. Eu espero muito ver o Tchu realizando cada vez mais coisas bacanas e continuo daqui, 190 km distante, ajudando como posso – seja com $$ (importante pra cacete) ou com contatos, participando das atividades que vocês tao fazendo. Não desanimem!
Cacá: O que você achava da Draga?
Cacá: O que você achava da Draga?
Eu achava demais, mas não tinha essa trava [falávamos como o pessoal era travado em SP no fim dos anos 90 pras coisas que não diziam respeito à música diretamente] porque vinha de Pouso Alegre – lá ninguém tinha problema com arte etc. Eu nem entendia direito tudo aquilo, mas me interessava, ficava instigado... Queria participar, enfim. Era aquela curiosidade juvenil saudável. É engraçado porque quando estava em Pouso Alegre, 96, estudando pro vestibular, só pensava em voltar pra São Paulo, meio naquelas, “Ah! Como o pessoal de São Paulo é esclarecido, lá tem informação, rola um monte de coisa foda” e quando cheguei aqui, depois de dois anos, aquela puta desilusão, maior porcaria, povo caretaço pra cacete.
Você tava ali [em Pouso Alegre] com a nata da malandragem...
Pois é, o pessoal em Pouso Alegre [entenda-se, a galera que agitava os shows etc] era muito mais sagaz, mais arejado... Eu sentado em cima do pote de ouro e sem me atinar àquilo, sabe? Me senti meio que com cara de pirulito (risos). Nas coisas que me innteressavam, arte, política, música, em Pouso Alegre o debate era muito mais interessante, o meio social era mais amplo, gente de todos os tipos etc.
Pois é, o pessoal em Pouso Alegre [entenda-se, a galera que agitava os shows etc] era muito mais sagaz, mais arejado... Eu sentado em cima do pote de ouro e sem me atinar àquilo, sabe? Me senti meio que com cara de pirulito (risos). Nas coisas que me innteressavam, arte, política, música, em Pouso Alegre o debate era muito mais interessante, o meio social era mais amplo, gente de todos os tipos etc.
Isso era que ano mais ou menos?
1997, 98. E eu ainda tinha uma vantagem em São paulo que eu circulava em todos os meios. Ia em show anarcopunk, straight edge, grind, dos “artistas de Pinheiros”(risos), não tinha tempo ruim. Ia em show de banda mod, como The Charts...
Como eu circulava também...
E tinha muita incompreensão mesmo. O comentário padrão era falar que as coisas da Draga eram feitas por crianças ou retardados mentais. O xingamento era “esse bando de artista”. Isso resumia um mundo todo pra muita gente. E minha vida nesse momento era 100% DIY, tentava enquadrar tudo que eu vivia numa perspectiva de punk rock. E fui conhecendo essa galera que andava contigo e rolou uma sintonia porque... sei lá...
Era mais múltiplo.
É, por aí. Um pessoal com mais interesse pelas coisas, sem preconceito. Eu lembro que quando lancei o [fanzine] Velotrol #2 no fim de 1995, coloquei o [quarteto de Lousville que lançou um disco considerado uma das obras-primas dos anos 90, Spiderland] Slint na capa e a chamada era “Porque o Slint era a maior banda dos anos 90”, e uma galera em SP depois, quando me mudei pra cá, me achava um puta de um anormal, um freak, por afirmar um lance desse. Meu apelido veio dessa piada. E hoje muito cara que zuava tá aí fazendo banda em 2010 muito em razão da existência do Slint, da passagem deles em um breve período dos anos 1990. Vai entender...
Nenhum comentário:
Postar um comentário